domingo, 23 de abril de 2017

Pelas ruas de Natal, a paz por gentileza

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Pelas ruas de Natal, a paz por gentileza
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Andando, circulando, e atravessando por meio de faixas pintadas no chão, Andreia Galvão foi rodopiando suas ideias pelas ruas de Natal. E seus rodopios foram parar em rotativas, circulando em texto no mais resistente ao tempo, o jornal Tribuna do Norte (23/04/2017). E Andreia  encontrou símbolos pela cidade, símbolos gráficos universais (que tratamos como komunikologia) e símbolos sociais. O homem ao perceber que a Terra gira fez tudo à sua volta, girar ou rodar. E como dizem no popular, esta deve ser a razão de haver tantas pessoas loucas. Carros e bicicletas rodando por ruas e estradas. Carros e bicicletas precisam de chaves que giram, para fazer uma ignição ou um reparo.

Desde cedo já somos acostumados e educados com símbolos e comportamentos. Como na escola o uso da farda, onde todos trajam um vestuário uniforme. E ao entrar em forma, para uma marcha ou deslocamento, alunos primeiro marcam um afastamento, esticando o braço, para que a formatura fique uniforme. Ao andar pela rua, outra convenção logo percebemos, sobre andar pela direita ou pela esquerda, com a precaução de manter uma distância. Um comportamento ideal para circular em passarelas para pedestres. Nos ônibus portas de entrada e de saída. Mas no ônibus que circulam pela UFRN, as convenções não são respeitadas, criando confusões ao entrar ou sair pelas duas portas, cada um com a sua pressa. O desrespeito acontece pela gratuidade, mas facilitaria o embarque ou desembarque.

Andreia percebeu símbolos de significados universais, símbolos que foram criados e pensados, para promover uma boa convivência nas ruas. A convivência de pessoas com diferentes necessidades deambulatórias. Símbolos nem tão complexos, extremamente simples. E parafraseando o que disse Exupéry, chega-se a perfeição de um desenho, não quando não há mais nada a acrescentar, mas quando não há mais nada a tirar. E daí os símbolos simples com grandes significados. Faixas brancas e paralelas têm um significado quando pintadas, fazendo um contraste com o asfalto. Uma simples placa com a letra “E”, tendo uma faixa vermelha em volta, tem um significado, e com um ou dois traços cruzados, ganha novos significados.

E outro símbolo Andreia encontrou na rua, um corpo trajando roupas simples. O corpo é uma mídia que contém informações. Desde a informação básica distinguindo um gênero, a outras com seus outros complementos, com roupas e acessórios, até uma farda onde se distingue força armada e patente. Do uniforme de instrução ao uniforme de gala, o uniforme que deu origem a palavra galado ao vocabulário local, nos tempos de guerra. Quando militares andavam pelas ruas de Natal em trajes de gala, o galado. Galões poderiam identificar os oficiais, distinguindo-os de soldados.

Andreia fala sobre um homem simples vestindo o que lhe é possível, respeitando sinais e faixas pela cidade. E aqui surge a prova, de que não é necessário a instrução oferecida na escola, existe um conhecimento nas ruas. Muitos habilitados e graduados não respeitam as regras. As ruas possuem uma linguagem, rua, praça ou avenida. Diferença de nível determinando onde é o espaço do pedestre e o espaço dos carros, a chamada guia ou meio fio. Linguagens internacionais. Rampas indicam caminhos para cadeirantes, que também facilitam os andantes.

E o corpo do homem citado, é a sua própria casa. Seu corpo tem uma história impressa por marcas no rosto. Seu vestuário é o seu próprio armário, com pouquíssimas peças, quantidades maiores podem tornar o corpo um cabide. Sacos e sacolas podem ser uma mala, onde o cadeado é um nó. Entre as coisas que carrega, sejam velhas ou usadas, estes são os seus pertences, satisfazem suas necessidades com suas imaginações e ideias. E o homem respeita as regras da rua, com faixas e placas. A comunicologia atinge um objetivo.

A prefeitura de Natal tem suas responsabilidades. E na falta de sinalização apropriada para alertar faixas de pedestres tem uma estratégia para corrigir suas falhas. As faixas de pedestres são em esquinas, que impedem a visão do motorista ao fazer uma curva, de ver o pedestre com alguma distância. Em avenidas não existem placas, que informe ao motorista com alguma antecedência informando o quanto ela está à frente. E para resolver suas próprias falhas a prefeitura transfere a responsabilidade ao pedestre, dizendo que antes de entrar na faixa, o pedestre deve sinalizar aos motoristas sua intenção de atravessar. Cabe então a atenção dos motoristas em movimento, diante da faixa repentina, avistada pela presença do pedestre com a mão estendida, pedindo atenção.

Moradores de rua, são os que melhor conhecem as ruas. Precisam não só serem ajudados mas serem inseridos ou reintegrados na sociedade.  Já é sabido seus receios por abrigos, onde passam um tempo e retornam às ruas. E um novo modelo de ajuda ou abrigo precisa ser criado, ouvindo suas necessidades e anseios. Talvez um abrigo com características e proximidades das ruas. Um abrigo que os capacitasse em funções exercidas nas ruas. Vigias de ruas, Guardadores (pastorador) reconhecidos pela prefeitura. Evoluindo para técnicos de pequenos reparos em fachadas e residências. ASG e zeladores; porteiros e vigilantes para os que desejassem. Hoje são encarados como um problema social, mas também podem ser vistos como uma mão de obra a ser qualificada.


Rn, 23/04/2017

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