domingo, 20 de novembro de 2016

Caminhada estóica

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Caminhada estóica
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Era preciso ter muita coragem para fazer uma caminhada histórica pelas ruas de Natal. A questão histórica não era o problema, já que as ruas de uma cidade contam a história ao longo do tempo. Mostram as depredações históricas, necessidades de um momento, e arquiteturas de determinadas épocas. O poder se impõe sobre povo por uma arquitetura, de imponente a dinâmica.  Somente uma cidade criada: desde a sua idealização, desde seu planejamento e desde a sua construção, não guarda registros históricos ao longo de ruas e avenidas, de épocas passadas. O grande exemplo é Brasília com assinatura de Niemeyer, o arquiteto que fazia rabiscos no papel, para os engenheiros se virarem com suas técnicas, de concreto armado e projetado. Qualquer lembrança antes de 1960, estará registrada nas ruas de Brasília, com uma escultura importada, vinda de outra cidade. Brasília já nasce completa, estruturada. Outras cidades começaram com modestos arruamentos.

Com épocas anteriores e ao longo de  sua formação, a evolução da cidade, podem estar registradas nas ruas. E Natal tem uma história ao longo do tempo, desde a presença de indígenas ocupando as terras, e a chegada de povos estrangeiros se instalando em um forte, uma fortaleza para alguns, com objetivos militares e econômicos. Para defesa das terras, explorando suas riquezas de origens diversas. Um forte na esquina do continente, como um marco Norte, o início de um domínio. Natal surge como uma necessidade, de abrigar uma população em torno do forte. Talvez uma estratégia militar, de ter um povo bem próximo, quando precisar de um recrutamento, e juntos defenderem a terra. Mais tarde, a necessidade de uma capital estadual próximo à costa, contrapondo-se a Mossoró.

Um antigo político é conhecido como Nero de Natal, lembrando Nero em Roma. Dizem que incêndios eram promovidos, em Natal, para abrir espaço ao novo. Como o incêndio no mercado, abrindo espaço ao modelo econômico, construindo um banco, que possibilita remessa de valores. Um líder italiano mandou uma pedra de metralha como presente para a cidade, que chegou por via aérea.. A pedra já passou por vários lugares, onde foi agredida e pichada. O velho ainda se impõe ao novo, como um marco histórico, de amizade entre povos.

E uma multidão estava presente, em uma praça, com ânsia de conhecimento, sem se importar com o que seria encontrado no caminho, diante do conhecimento que seria oferecido. A oportunidade de saber o que existe do lado de fora, quando transitam em seus carros, com os vidros fechados. Abrigados da violência, do calor e do povo pedinte, com ar condicionado, e vidro escuro. O veículo como uma armadura para enfrentar a cidade, um gibão motorizado para se defender dos espinhos urbanos. A caminhada parece ser um ambiente seguro, com muita gente e algum policiamento. Pastoradores poderiam cuidar dos carros, enquanto seus donos dariam uma volta histórica e cultural, com olhos abertos, ouvidos atentos e domínio das pernas...

Os problemas esperados, e os problemas encontrados, são de épocas mais recentes, do século passado. Uma prefeitura omissa e repetida, que não soube se atualizar com critérios de acessibilidade e de inserção de pessoas em condições diversas ou especiais (a nomenclatura varia com o tempo, o modelo de conhecimento). Imperfeições no calçamento que podem oferecer torções e luxações aos que caminham pelas ruas ou calçadas. Mas de um modo estratégico, o itinerário da caminhada, era em uma rua em rampa, partindo do Alto até a Cidade Baixa, favorecendo a algum cadeirante, que precisaria de ajuda, apenas no percurso de volta. O piso tátil, já gasto e encardido,  estava distribuído á vontade sobre as calçadas, com níveis diferentes, sem parâmetros e sem critérios. Com riscos de levar ao encontro de uma árvore, um poste ou um degrau, sem aviso prévio. O desordenamento em volta da prefeitura, e na praça dos três poderes. Prédios antigos, com aspecto de velhos e abandonados, combinavam esteticamente com as calçadas. As copas das árvores fechadas sobre a rua, e fazendo sombra, completavam o cenário. E a prefeitura se fecha em copas, lembrando um baralho de cartas marcadas.

O local ideal para a partida, a praça onde se encontra o marco zero da cidade. A praça histórica com o marco geográfico, e o Instituto Histórico e Geográfico (IHGRN). A proximidade da igreja, a antiga catedral. Prédios que já funcionaram como cadeias e quartéis estavam em volta. Na tal cidade, que dizem nunca ter sido um povoado, e nunca ter sido uma vila. Já nasceu como cidade, pulando épocas de lugarejo, de povoado e de vila. A cidade perdeu um pedaço de sua história, a sua infância. Não construiu totalmente a sua história, não criou suas raízes. E por isso Natal, seja sempre uma cidade aberta, recebendo diversos povos que chegassem e desembarcassem. Atracassem, com seus barcos e suas caravelas, nas navegações marítimas. Chegando aos aviões com as navegações aéreas. Hoje ainda recebe e acolhe pessoas e povos diversos. Até o narrador do percurso, tem raízes paulistas, com resquícios indígenas do Tatuapé e do Anhangabaú.

E além de muitas pessoas dispersas na praça, aguardando o início da caminhada, também podiam ser encontrados inúmeros carros, todos mal estacionados pelos arredores da praça. Muitos dos que pretendiam fazer a caminhada, não se sensibilizaram em deixar seus carros em casa. O espaço atrás da velha catedral, já se transformou em rua e estacionamento, faz tempo. Um espaço que julga-se e espera-ser ser tombado, com fluxo intenso de carros, destruindo a pavimentação junto a parede da igreja. Colocando pedestres em riscos. Da janela do prédio anexo do IHGRN é possível observar tudo. O IHGRN olhando pelo vidro, o que deve ser preservado.

Calçadas foram ocupadas além de vias, com carros dos dois lados da pista, impedindo a sonorização expositiva, com trio elétrico, de iniciar o percurso.. Na concentração os primeiros problemas, os arquétipos da população em amarrar a montaria, em frente à bodega. Uma grande maioria motorizada, com oferta de alimentos em prol de instituições necessitadas. Dois quilos de alimentos na sacola e alguns quilos de monóxido de carbono foram deixados nos ares.

Papa Mike estava QAP no local, na hora marcada, aguardando um QSL do evento. Mas os coloridinhos da secretaria municipal não estavam à postos, na data e no local marcado, atrasando o início da caminhada, parecia um QTA do evento. E já indicando as falhas da prefeitura, o evento que fora compartilhado nas redes sociais, pelo próprio prefeito, exaltando o Natal em Natal. Perdeu a oportunidade de desfilar em cima do trio elétrico, podendo ser filmado por um drone. O Rei Carlos Eduardo também não estava presente. Não é adepto a caminhadas, mas sim de carreatas, para tumultuar mais o trânsito. Não quer sua YSL cheirando a suor do povo. A caminhada iria passar em frente ao seu palácio, que no momento estava com as portas fechada. E ele não apareceu na sacada para acenar a seus súditos, que apoiaram nas urnas. Dispensou o uso do parlatório localizado na esquina.

No caminho várias casas foram apontadas como residências de nomes ilustres e antigos moradores na capital norte riograndense. De Pedro Velho a Câmara Cascudo, passando por Januário Cicco. Dois solares foram apontados, que constam na história serem de um mesmo casal de proprietários, onde a esposa que era alérgica, pediu ao marido construir outra casa (nota de um pesquisador Papa Mike durante o percurso). Uma casa para ser usada enquanto a outra entrasse em reforma, amenizando a sua alergia, ao ver trabalhadores, quebrando, lixando e pintando. Na casa antiga de Cascudo, seu genro neto estava na porta, para saudar a caminhada. Enquanto a Cascudinha devia estar ocupada com os afazeres da casa. O citado Papa Mike não importa, já que segundo ele, Cascudo também não citava.

Natal já foi delimitada por cruzeiros, que marcavam o início e  fim da cidade, marcando a era da presença religiosa. Já foi delimitada por grossas correntes, marcando a presença de americanos em período de guerra. Hoje está cercada por outros municípios, com um período de urbanização intensa, sem área industrial ou rural. Não há espaço para um aeroporto, precisa usar o espaço de municípios adjacentes. Só lhe resta o mar como área de expansão, de ideias e de implantações do poder econômico. E como capital de um estado, segue a nova ditadura imposta por outros povos, a de viver de sal, turismo e vento, Com os ares da brisa marinha e os mesmos ventos que trouxeram as caravelas..

E a caminhada histórica chegou na Ribeira, o bairro histórico onde chegaram no passado passageiros e cargas por navios, trens e transportes rodoviários. Hoje é a região das boemias, com espaços variados para tribos diversas. Na grande praça aumentada ao longo do tempo, com aterros e calçamentos, não podia deixar de ser diferente da cidade, e ter carros sobre o calçadão destinado a pedestres. Carros na calçada, estacionados em frente a um museu e em frente a um botequim, a antiga rodoviária. O grande espaço aberto, o palco e o espaço da plateias, com shows para grandes públicos com histórico de algumas discriminações, tal como escrito e descrito em Festa na FLINstones.  

20/11/2016
Roberto Cardoso (Maracajá)


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quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Transportes conflitivos em Natal.

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Transportes conflitivos em Natal.
Medicamentação: Solução de de elequicina
PDF 772


A prefeitura não deu o braço para a seringa, mas deixou as nádegas do povo disponível às suas práticas e ideias. Partiu do princípio de um velho ditado que diz “quem quer faz e quem não quer manda”. E deixou a solução do sistema de transportes públicos a cargo de empresas que se habilitem a fornecer equipamentos e serviços. Para então a prefeitura exercer o papel de agência reguladora. Regular aquilo que não soube implantar, sempre tapando o Sol com a peneira. Fechou os olhos e os ouvidos, para as reclamações do povo, a população que depende do transporte coletivo. Ainda está no tempo dos bondes, quando era possível saltar do bonde e alcançar um chapéu, levado pelo vento, para então alcançar o bonde novamente.

O prefeito não conhece a cidade, com as solas de seus sapatos de pelica, não quer sujar suas YLS. E agora diz que depois do sistema implantado, vai administrar a demanda. Controlar e manipular itinerários e linhas, de acordo com as necessidades e demandas. Vai precisar de muitas pesquisas e estatísticas, de números flutuantes.

Depois de entender e interpretar que a cidade é um organismo vivo, com interferências diversas, promovidas pelo comportamento e pelo meio, que podem promover diversas condições de saúde à cidade e à sociedade. A prefeitura surge com uma ação terapêutica no transporte público. Aplicar elequicina, na secretaria de transportes, e mobilidade urbana. E pode ser uma solução estéril, sem resultados mas com muitos efeitos colaterais. Já é evidente, é esperado que novos diagnósticos poderão ser apresentados, e novas medicações serão necessárias. A cidade vai ficar no soro, perdendo as vias de acesso, até que surja uma droga eficiente.

Com licitações e processos destinados ao transporte público, busca uma solução externa e desesperadora. E solta fogos como sendo a decisão libertadora e alvissareira. Abre concorrência para empresas realizarem a melhoria do transporte público. Otimizar o que não existe. Busca os melhores trabalhos, melhores serviços oferecidos  e os melhores preços, para resolver seus não resolvidos problemas. Busca o melhor, a acessibilidade, conforto oferecido e frequência de horários regulares, em ônibus confortáveis e adaptados às necessidade do povo.  Ônibus com pisos baixos para ruas esburacadas e pavimentação irregular. Ônibus com ar condicionado para terminais abertos ao Sol e ao vento. Quer o  conforto, mas não proporciona vias pavimentadas para um novo equipamento. Tipo quer um trem mas não oferece os trilhos; quer um BRT mas não oferece vias exclusivas. Apenas remédios não são suficientes, é necessário mudanças de hábitos. É o que diria qualquer médico: remédios; MDH, dieta e alguma fisioterapia.

Não aponta e nem sinaliza suas necessárias providências, suas mudanças de hábitos e comportamentos. A acessibilidade nas calçadas e nas ruas, para quem ainda não embarcou nos futuros ônibus. Travessia de pistas em condições seguras. Abrigos que simbolizam uma parada de ônibus, protegido do Sol e da chuva, abrigos e pontos de ônibus com distâncias regulares e piso nivelado nas calçadas, promovendo um conforto de deslocamento a pé, entre os pontos ou as paradas. Racionalização das quantidades de linhas, distribuindo em diversas paradas.


Roberto Cardoso
Cientista social. Escritor e cronista


RN. 10/11/2016.

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

O caos urbano implantado

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imagem: https://www.google.com.br/search?q=engarrafamento+em+natal&biw=1242&bih=606&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwi23Kfl6JPQAhWIQ5AKHQheBCYQ_AUIBygC#imgrc=1Pdvjf22aZkuVM%3A

O caos urbano implantado
O resultado da tríade: motoristas, falta de educação e omissão da prefeitura
PDF 772

A imagem em tela, merecia um maior destaque, uma melhor análise, como analisar cada centímetro da cena. Já foi-se o tempo quando se dizia que as casas deste bairro eram enfeitadas de alecrim. A erva restou como nome ao bairro, e o cheiro agora é de fuligem e de fumaça. Nas ruas que já são estreitas, comerciantes ilegais ocupam parte das ruas e parte das calçadas, ocultando o espaço público junto com os veículos.  Não há ordenação urbana, até que aconteça uma catástrofe. As avenidas largas que um dia foram numeradas, estão cada vez mais estreitas com carros enfileirados dos dois lados, além de ocuparem as calçadas. Os canteiros no meio da pista, impedem a passagem de pedestres, já que os carros ficam sempre, muito “‘colados”, quando estacionados, junto às barracas e cigarreiras. E o bairro, em tela, é apenas a parte de uma cidade. Mas a cidade não pode ser vista pelo olhar cartesiano, olhando apenas um bairro, ela faz parte de um todo que configura a cidade. E o desordenamento urbano espraia-se pela cidade.

Um caos público e urbano que já estava anunciado. predestinado com exemplos arquétipos do prefeito, em seus comportamentos, acontecem diariamente e aconteceu um mais pontual recentemente. O caos urbano está implantado em Natal, como resultado de uma tríade, como excesso de carros nas ruas, ocupados por muitas vezes, com apenas o motorista; a falta de educação e a falta de respeito aos outros que convivem na cidade; as obras e a extravagâncias de uma prefeitura, que não dá o exemplo e colabora com a falta de estrutura urbana. A falta de cumprimento de regras, o descumprimento de regras de urbanidade.

Não última sexta feira (04/11) aconteceu um experimento público com muitos condutores de veículos, e alguns de seus ocupantes. Ficar preso no trânsito sem nenhuma causa extraordinária visível e aparente; sem chuvas alagando a cidade, sem manifestações políticas ou administrativas,  ou um acidente de grandes proporções. Era apenas o resultado de muitos veículos nas ruas, um fato já há muito anunciado. E só faltou uma alternativa a população motorizada e encarcerada em seus veículos, nas ruas e esquinas da cidade. Postar seus lamentos e murmúrios nas redes sociais. O inconsciente urbano levou muitos a um mesmo destino.

Quem trafega todos os dias pela BR 101 no sentido Parnamirim-Natal, já antecipava um acontecimento. Durante um engarrafamento é possível observar na lateral das pistas, as concessionárias e revendedoras de veículos, com seu pátios lotados, denunciando veículos que ameaçam invadir a cidade, bastando um desejoso adquirir um veículo. E na última sexta-feira, a tragédia anunciada aconteceu. Um nó urbano pelas ruas de Natal. E o foco estendeu-se pela Avenida Roberto Freire onde a prefeitura diz não ser de sua competência. Excluindo a BR e a RN que cortam a cidade, o prefeito parece se sentir satisfeito, dorme em berço esplêndido, olhando a cidade pelo buraco da fechadura.

A última gestão da prefeitura não foi capaz de criar mais ruas para os novos veículos circularem. A maquiagem foi perfeita, com uma propaganda eleitoral usando as lentes de costas para a cidade. E os proprietários de veículos todos os dias, tiram seus carros de suas vagas e garagens, para ocupar um espaço nas ruas, e para subir em calçadas. Tiram seus carros da própria casa para colocar na porta de outras casas. Cada condutor tem uma responsabilidade, estacionar sem causar um problema ao outro. Fazem uma concorrência desleal com seus veículos, que ocupam alguns metros quadrados, além de uma pessoa que faz seu deslocamento com solas de sapato e movimento das pernas. Automóveis ajuntados ocupam mais espaço que os ônibus de transporte coletivo. O trem e o VLT circulam pela periferia da cidade.

E quando os motoristas e proprietários são indagados sobre a necessidade e o uso de um carro, afirmam ser a necessidade de deslocamento em função da deficiência no transporte público. Um transporte rarefeito e sempre muito cheio, que os fazem transpirar e desmanchar seus penteados. Saltos altos não estão aptos a calçadas esburacadas. Então fazem a opção de comprar um carro e enfiar a cabeça na areia. Não estão dispostos a uma manifestação pública, de exigir transportes dignos que se adequam às suas necessidades e vaidades, não querem se misturar com o povo. São herdeiros de um modelo arquétipo de americanos e holandeses, e mais outros povos do mundo. São filhos de grandes famílias que ocuparam estas terras, e numeram os filhos no idioma francês, tal como os reis.

O prefeito nobre intelectual, que despacha para a prefeitura em um local fechado com ar condicionado, sem janelas, para observar a cidade, já teve a oportunidade de visitar e estudar em outras cidades. E como deveria estar sempre muito ocupado, para imaginar um futuro, não planejou a sua cidade. Mas dá um “Bom dia Natal” com orgulho nas redes sociais, esperando uma resposta dos seus seguidores, e seus súditos. Não imaginou sua cidade além dos dixsept de cores rosadas; galvões e gaviões, mais alguns guerras e outros alves. Pode não ter ficado atento a história da cidade, que diz que Pedro Velho em sua época, andava a cavalo para observar a cidade, descobrir problemas e tomar providências. Pedro Velho era boticário e médico, estava acostumado com anamneses e receitas. Sabia diagnosticar e fazer prescrição acompanhando a evolução ou melhoria dos problemas. A partir de Natal, governou o estado. O prefeito atual formado em direito, defende a própria causa, e de seus amigos motorizados com picapes e SUVs, com GPS e ar condicionado..

A cidade que não se define se é do Natal ou de Natal, fruto das invencionices de Cascudo, sempre foi aberta aos povos estrangeiros. Recebeu portugueses e holandeses, que desembarcaram de caravelas. Chegaram os italianos e os franceses, com os primeiros aviões. Os italianos trouxeram de presente uma pedra, de restos de entulhos e metralhas romanas. Os americanos montaram uma base com campo de pouso, e com decolagens chegaram em outras terras. Agora a cidade criou um aeroporto enorme, e continua aguardando que pouse um HUB, para ajudar o estado. Querem ampliar o porto para receber maiores tonelagens, mas não tem logística urbana para transporte de cargas. Natal que foi sempre aberta, não fortaleceu suas raízes para implantar uma posição e uma história. Sempre serviu de trampolim para outros povos. Da época das caravelas, passando pelo início da aviação, aos aviões maiores; da navegação marítima a navegação aérea. Tentou alcançar o espaço e perdeu sua condição de cidade espacial. E assim perpetua seus arquétipos, enquanto não mudar seu paradigma.

O atual prefeito levou um totó dos bandidos. Teve seu carro oficial roubado na porta da casa dos vereadores, Um local mal planejado, com carros sempre mal estacionados na porta e nas calçadas. Ao longo da via, e na vizinhança a casa do povo não dá o exemplo ao cidadão. Um local previsível de chegar alguém mal intencionado, sem identificar os símbolos nas portas, seja da casa ou do carro, "pareciam estar no lixo", e os meliantes levaram o carro do prefeito. Os meliantes agem assim como as moscas e mosquitos, gostam de lixo e desatentos, água parada e carro estacionado em local indevido.

A cidade é um organismo vivo com veias e artérias movimentando em um sentido, um vai e vem. Estão infestadas de vírus e bactérias nesta corrente líquida, que se movimenta 24 horas, indo ou vindo a partir de um bombeamento. Vias cheias de ideias e antibióticos cada um na sua especialidade, A  prescrição básica sem usos de elementos químicos,  é ar puro em um ambiente saudável e natural. Mais um antimicótico para uso tópico, limpando as calçadas, a epiderme da cidade. Os trombos já estão surgindo, sufocando a cidade. Januário Cicco apostava em saneamento básico, prevendo um futuro. Agora o conceito de saneamento foi ampliado, não é simplesmente a não existência de fossas, mas água pura e ar limpo, com pistas amplas e livres contribuem para um bom saneamento, em uma cidade trombótica.

Diante de tantos casos e descasos, com o trânsito influenciando e impedindo e eficiência da segurança pública, vem um resultado. As pessoas começam a andar armadas. A cidade é um sistema complexo. E trânsito é essencial na segurança pública, facilitando o movimento de patrulhas e ambulâncias, além do Corpo de Bombeiros.

Roberto Cardoso

Entre Natal/RN e Parnamirim/RN, em 07/11/16