segunda-feira, 17 de outubro de 2016

O prefeito que confiava a cidade à Papai Noel

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O prefeito que confiava a cidade à Papai Noel
PDF 764

Na tal cidade, o prefeito confiava tudo a Papai Noel, E com a padroeira N S da Apresentação procurava apresentar uma bela cidade. Não se preocupava com a varrição das ruas, já que o vento que soprava diariamente levava o lixo solto, arrastado, por ruas, praças e avenidas. A chuva que também era uma constante lavava as ruas, depois da varrição. Com o vento e a chuva já estava resolvido um problema, a limpeza das ruas da cidade. Nada de garis varrendo calçadas e carros pipas lavando as ruas na madrugada, queria ficar dormindo. Era sempre muito cansado, tinha um nome de família a zelar.

O estado de emergência também era uma boa desculpa para fazer obras de emergência sem licitação ou entraves administrativos. E muitas pedras foram colocadas nas praias dizendo evitar um assoreamento ou uma invasão da águas. Obras sem cálculos técnicos, sem avaliação do eixo da Terra. Sem uso das tábuas de maré e sem estudo de correntes marítimas, que podem destruir novamente as praias que ele julga serem muito belas. Uma linha do horizonte sem acidentes geográficos com as  pedras novas sobre a areia, fazem um enrocamento sobre as areias escorridas das dunas. E o prefeito sempre confiante em Papai Noel para que a cidade receba presentes.

O esgotamento sanitário da cidade deve chegar como um presente do Estado, anunciado como a primeira cidade 100% saneada. Mas ao receber seu presente pode perceber que está quebrado, impossível ter uma cidade totalmente saneada. Quando questionado sobre segurança pública, diz que é uma responsabilidade do estado, com o uso das polícias civis e militares. Quando questionado sobre o sistema de trânsito nas avenidas, diz ser uma responsabilidade do departamento estadual de trânsito. E quando complica a sua própria segurança, chegam as tropas federais.

As obras de acesso da cidade pela rodovia estadual, vem chegando como um presente federal, uma estrada que além de cortar o país de norte a sul, corta a cidade de sul ao norte alternando partes e nomes. No final das obras deve dizer para o povo: Oxente! Aconteceu tudo nos meus mandatos. Criei mais espaços para os carros, os pedestres que se lasquem!

Nas principais festas da cidade, convida artistas e escritores forasteiros, como se fossem visitas e convidados para sua casa. E dinheiro para as festas sempre vai buscar em Brasília, a capital federal. Mas não tem coragem de andar a pé ou de de Brasília pelas ruas e calçadas da cidade. Anda de carro fechado ou de avião, gosta de enxergar embaçado e avistar tudo de cima.

Uma jovem que foi atropelada em uma faixa de pedestres, em uma avenida que dizem ser estadual, foi removida em ambulância estadual e internada em um hospital também estadual. Ainda que exista um hospital municipal, que nem o secretario de saúde quis ser internado quando estava enfartado, correu logo para um hospital particular, dispensando o municipal e o estadual.  E com o seu falecimento (da jovem atropelada), vai ser sepultada em outro município. A total omissão do município sobre a faixa de pedestres e o atropelamento. Presentes deste tipo o prefeito não deseja, podem macular a imagem da cidade e a sua própria imagem.

Um ótimo prefeito para algumas datas festivas, e para o dia de Natal. Vai virar folclore; corre da câmara e dos cascudos. Câmera só nos eventos, desfilando de destaque.

RN, 17/10/2016

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Jabuti em árvores

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Jabuti em árvores
PDF 762

"........ Em Ponta Negra, na principal avenida. Em frente a um shopping com produtos regionais e culturais, existe uma faixa de pedestre. No alto da via no mesmo local uma placa indicando velocidade máxima 70 Km/h. Como a faixa de segurança para pedestres está localizada em uma ligeira elevação na avenida, dificulta sua visualização pelos motoristas em ascensão na pista. Enquanto pedestres com ares de turista atravessavam, os carros se esforçaram e paravam, evitando um acidente internacional. Hoje o motorista que trafega em velocidade permitida, não respeita o pedestre na faixa, talvez por evitar uma freada brusca em poucos metros, entre o veículo e o pedestre em travessia. Exemplos de uma engenhosidade de trânsito, formulada por analistas e especialistas de escritório. Acreditam ver e entender a cidade de suas janelas em computadores ........."

Jabuti em árvores (parte 1)
14/07/14 - Jornal de HOJE - Natal/RN
Quando um jabuti fica aprisionado, imobilizado e impedido de prosseguir seu caminho, travado em sua trilha por uma tora sobre a sua carapaça. Preso por uma árvore caída, enquanto prosseguia em sua lenta marcha. Quando um jabuti é acometido por uma queda de uma árvore, que caia sobre o seu corpo impedindo seu deslocamento, o jabuti tem consciência, discernimento e paciência para esperar uma oportunidade de libertação.
Mas quando um jabuti é encontrado em cima de um galho de uma árvore, dúvidas surgirão para uma tentativa de explicação. Há apenas uma certeza, o jabuti não subiu sozinho na árvore, alguém o colocou lá. O comportamento e as habilidades de um jabuti não facilitam as escaladas em árvores.
Terminada a Copa, só resta agora descobrir onde estão os jabutis e as lebres. Quem tem a velocidade necessária, e quem tem uma lentidão necessária. Habilidades e ocupações. Quando é necessário ser ligeiro como uma lebre, e quando se torna necessário ser paciente e lento como um jabuti. Enquanto a lebre tem velocidade e foco para atingir um objetivo ou um alvo, o jabuti tem o privilégio de acompanhar a trajetória da lebre e observar as suas falhas. Acompanhar seus movimentos, seus melhores e piores desempenhos em retas e curvas, em declives e aclives. Quando seria melhor avançar, recuar ou descansar.
A Alemanha antes da Segunda Guerra esteve em águas territoriais brasileiras e afundou alguns navios brasileiros. Atacou, deu os primeiros tiros, afundou navios e no final perdeu a guerra. Em 2014 esteve em estádios no Brasil e afundou algumas esquadras. A Alemanha sobreviveu à guerras, foi dividida, pagou dívidas cobradas pelos vencedores das guerras, e com paciência ressuscitou das cinzas e dos escombros. Reunificou-se e ergueu-se proporcionando qualidade de vida à sua população, mesmo com uma rendição.   
A próxima Copa do Mundo em 2018 acontece em um país que viveu os cenários de uma guerra. Um país que aproveitou seu inverno para vencer invasores. Soube usar seu terreno e suas intempéries para observar o inimigo e aguardar sua própria derrota, por fome e por frio. Com sua falta de planejamento. A Europa foi palco de guerras. Viveu dificuldades e soube aproveitar as oportunidades. Transformou suas guerras e batalhas em conhecimento.
A literatura infantil mostrou uma corrida entre a lebre e o jabuti. E crianças desde cedo brincam de pique e corridas, esconder e achar, disputando o primeiro lugar. As olimpíadas que acontecem em períodos entre guerras, desafiam povos e competidores, a vencer e ganhar. Obter a honra de ganhar uma medalha. E que seja uma medalha de ouro, de prata ou de bronze. Não há medalha ou lugar no pódio para quem termina em quarto lugar.  
Comandantes não correm ao comando de avançar. O comandante da uma ordem ao corneteiro para tocar o toque de avançar; e observa o desempenho da tropa. Dependendo de seus objetivos, manda recuar ou avançar, com apoio de outras tropas, outros pelotões, ou outros batalhões, com baterias das cavalarias e artilharias.  
E da mesma forma que os comandantes no campo de batalha, se comportam os técnicos de futebol (Coach). Posicionam-se em sua casamata à beira do campo. Controlam e comandam o time, de fora do campo, observando, analisando, ajustando, substituindo e fazendo as modificações necessárias.  
O mundo gira, tal como uma bola. Os primeiros petardos e armas de mão foram esféricos, em forma de bola. Balas e bolas em campos de batalhas. Bolas em campos gramados. O planeta gira e tem uma forma de bola. Povos se divertem e brincam com bolas. Disputas são feitas com uma bola. Bolas pesadas na luta armada, na guerra em campo minado. Bolas coladas no campo gramado. Contingentes morreram por ebola e embolias. Muitos em parte desta guerra usam bolas e colas.  
Entre Natal e Parnamirim/RN ─  13/07/2014

Jabuti em árvores (parte 2)
O casco do jabuti tem estrutura para suportar pequenas árvores tombadas. Aguardar uma breve ou demorada decomposição de um arbusto derrubado. Talvez por uma tempestade ou por infestação de cupins, diversas podem ser as causas da queda de uma árvore. Enquanto o tempo da libertação não chega, vai se alimentando com formigas que passam ao seu redor, de caramujos que transitam ao seu alcance, ou de folhas que caem.
Pois o jabuti pode esperar até que as composições físicas, químicas e biológicas do vegetal se modifiquem, e tornem a árvore mais leve. Permitindo assim ao jabuti se desvencilhar do peso que suportava, sobre o casco. A força que o impedia de caminhar. Composições e decomposições que podem ser aceleradas e modificadas. Com períodos e alternâncias de chuvas e de Sol, quente e frio, baixa umidade e alta umidade no ar. Ou mesmo com uma participação insetívora roendo ou dilacerando o tronco. Insetos instalados na árvore tombada podem atrair animais insetívoros que vão de alguma maneira ajudar a dilacerar mais o vegetal, facilitando e acelerando, um processo de decomposição e transformação. Na natureza nada se cria; tudo se transforma; inclusive as ideias.  
As fábulas infantis trazem exemplos de comportamento. Enquanto uns se comportam como jabutis, outros se comportam como lebres. Enquanto a lebre da fábula correu e chegou mais rápido, o jabuti demorou mais para chegar ao local determinado. Mas que local? O que motivaria um jabuti e uma lebre, irem a um determinado ponto? Quem determinou um momento de partida? Quem determinou uma linha de chegada? Quem determinou que devesse acontecer uma corrida entre dois animais totalmente diferentes? Se as pessoas e os animais são diferentes, diferentes serão suas habilidades.  
Mas se realmente aconteceu uma corrida entre o jabuti e a lebre. Torna-se evidente que a lebre correria com vantagens. Chegaria antes do jabuti. E se o jabuti não chegou primeiro, teve tempo e oportunidade de observar as transformações à sua volta, perto e distante. Observou o caminho e a trajetória da lebre.  
A lebre só serviu para mostrar que é necessária uma velocidade para chegar a um ponto. E muitos impeliram este comportamento sobre os outros. Impeliram um comportamento de velocidade aos outros. E aliado à velocidade exigiram uma qualidade. Exercer tarefas com velocidade e qualidade, que podiam ser atingidas com foco e determinação. Olhar para o alvo a ser alcançado e com velocidade para chegar ao objetivo.  
O jabuti chegou ao mesmo ponto com a experiência de observar tudo o que aconteceu a sua volta. O jabuti que esperou a modificação físico-química; esperou a transformação biológica do tronco sobre a sua carapaça. Enquanto estava
imobilizado pela árvore, alimentos devem ter transitado ao seu alcance. Situações aconteceram diante de seus olhos, perto e distante. Aromas e visões, audições e sensações, provocaram saberes e sabores.
Uma nova fábula foi criada, a fábula da FIFA. Cidades sedes fizeram modificações estruturais na arquitetura urbana. Modificações que as colocariam prontas a disputarem a chegada de turistas e investimentos. Modificações que as diferenciam de outras cidades, que já disputavam visitas e viagens, turistas e investidores. As cidades sedes começaram um trabalho de modernização e acessibilidade, que não ficaram totalmente prontos para a Copa do Mundo.
As cidades sedes continuam com suas obras de modernização e acessibilidade. Cada cidade sede, pouco melhorou, e ganharam novos concorrentes, com destaques na mídia mundial, as outras cidades sede. E cada cidade sede tem os mesmos problemas, terminar obras e resolver as mesmas questões de modernidade e acessibilidade, com concorrentes em mesma situação, a disputa continua.  
Entre Natal e Parnamirim/RN ─  20/07/2014

Jabuti em árvores (parte 3)
O automóvel foi concebido, planejado e construído, para facilitar o deslocamento de pessoas, encurtando distâncias e reduzindo o esforço físico, de quem transporta algo, ou é transportado. Foi idealizado para transportar pessoas, cargas e volumes, como uma evolução do tempo, e do transporte por tração animal. A força de seu motor é medida em cavalos, HP (Horse Power). E as velas dão início a sua combustão. O espanhol preservou uma escrita, denominando como ‘coche’, enquanto os ingleses mantém o volante na posição dos cocheiros. No Brasil ainda é comum manter carros em frente das casas, sobre as calçadas, como animais de montaria amarrados, aguardando seu dono. (Jack and JAC. JH em 10/09/12). Afinal todos querem mostrar que possuem um puro sangue.
A invenção do estribo facilitou o controle dos cavalos, e parte do controle do automóvel é feita com as pernas e os pés. Enquanto os transportes eram por veículos de tração animal, justificavam as paradas para descanso e/ou alimentação dos animais condenados a puxar carroças ou mesmo bondes. Hoje não justifica parar um carro para descanso de seus cavalos de potência contidos em seu motor. Pare abastecimentos e arrefecimentos, de minerais e vegetais (óleos, gasolina e álcool de cana); água e reparos em cascos e ferraduras (rodas e pneus), novas estrebarias com outras ferramentas. Existem os postos de automotivos. Com uma bandeira comercial, que os identifica de longe. Em estradas, há placas com mensagens visuais, que identificam os serviços oferecidos.
O homem inventa, e faz criações com objetivos. Da mesma maneira que os automóveis foram concebidos, planejados, e construídos, para facilitar transportes, assim foram os aviões, dirigíveis e outros meios de transporte. Um avião parado é uma aeronave que gera custos e prejuízos. Um avião pousa apenas manutenções e reparos, para abastecimento e troca de tripulação. Descarregar e carregar ideias.
Pensando na lebre da fábula que o carro pode ter sido imaginado e construído. Assim um carro estacionado foge a lógica de sua concepção. Não justifica ficar em cima de uma calçada parado como um jabuti. Adquirir um carro pode provocar benefícios e problemas. Uma guia ou meio fio, formando um degrau indica que a calçada não é local de trânsito de automóveis. Uma faixa amarela contínua indica que não é permitido estacionar junto à guia naquele trecho de avenida. Condutores aprendem as regras de trânsito apenas para obter uma habilitação. Há uma komunicologia pelas ruas e calçadas que precisa ser compreendida e respeitada.
Para possuir um avião é necessário ter uma pista para pousar e decolar, e um hangar para guardar e fazer manutenções. Um trem precisa de trilho entre uma origem e um destino. Ter um carro é necessário ter uma garagem para guardar, e uma pista para circular. Ruas e avenidas têm custos, de construção e manutenção, limpeza e conservação. Daí vem uma necessidade de cobrar impostos a veículos automotores que desgastam e usam ruas e avenidas (IPVA). Comodidade para abastecer, comprar e circular tem usos e custos, tudo tem um preço.
O uso das calçadas pelos automóveis, não estão incluídos na arrecadação do IPVA. Mesmo com o pagamento do IPTU, o proprietário do imóvel não tem direito sobre o uso das suas calçadas á frente de seus imóveis. Calçadas são destinadas a pedestres, e a melhor denominação das calçadas é passeio público. Um espaço público, para livre circulação daqueles que não usam carros por opção ou por falta de condição. Daqueles que buscam seus destinos com uma locomoção própria. Para uso daqueles que não dispõem de veículos automotores movidos por combustíveis fósseis, mas das forças de suas mãos e braços, impulsionando suas duas rodas.
Proprietários e motoristas ao adquirirem seus problemas, seus veículos. Insistem em estacionar em calçadas ou passeios públicos, transferindo seus problemas para aqueles que circulam pelas calçadas, munidos de uma locomoção própria com auxílio das próprias pernas.  
Entre Natal e Parnamirim/RN ─  27/07/2014

Jabuti em árvores (parte 4)
04/08/14 - Jornal de HOJE - Natal/RN
As fábulas são criadas e contadas para crianças com objetivo de criar valores, ideias e comportamentos em sua formação. Atos e atitudes para serem lembradas no decorrer da vida. No entanto, a cada momento da vida, podemos mudar conceitos e valores. A sociedade muda e mudam os conceitos e os valores.  
Em um mundo que se preconizava a velocidade, conceitos foram implantados de forma subliminar. Na corrida entre o jabuti e a lebre, venceu quem chegou primeiro. Quem chegou depois pode ter perdido vantagens e posições. O mundo hoje é outro, e prevalecem igualdades entre as classes, de lebres e jabutis, homens e mulheres; privilegiados e não privilegiados. Crianças e adolescentes; idosos e portadores de necessidades especiais conquistam seus espaços. Conquistam suas leis de atenção e proteção.  
E o jabuti lento precisa de uma carapaça para suportar aqueles que andam mais rápido, e sem noção pelas ruas. Outra fábula conta que por um tombo o jabuti quebrou seu casco, mas soube montar as partes quebradas e usar novamente. Ainda é possível juntar cacos e construir novas ideias, novas mobilidades e acessibilidades.  
Tomando por exemplo a cidade de Natal/RN e seus arredores, nos preparativos da Copa. Podemos perceber vantagens oferecidas aos velozes, com ações desproporcionais aos portadores de necessidades especiais e espaciais.  
Com a ideia de Copa do Mundo construíram-se mais pontes e viadutos do que passarelas para pedestres. Mais túneis para automóveis do que faixas de travessia de pedestres. Mais autopistas de alta velocidade do que sinais de trânsito, oferecendo oportunidades de travessia ao pedestre em avenidas de tráfego intenso. Ofertaram mais espaço asfaltado ao transporte particular, muitas vezes individual, do que ao transporte coletivo.  
Aumenta a população de usuários nos coletivos com o passe livre de idosos e estudantes. Enquanto se mantém a mesma frota de ônibus. Aumenta a frota de carros e aumenta a facilidade na compra de um carro, e não aumenta a oferta de assentos nos coletivos. Cidadãos inconformados em pagar uma passagem, com o aperto dos ônibus, descem e no próximo ponto (parada) e compram um carro. Pagantes devem ter prioridade em assentos não reservados. Tal como os idosos, deficientes e gestantes têm prioridade com espaço e assento reservado.  
Comércios e comerciantes apropriaram-se das calçadas procurando proporcionar conforto a seus clientes motorizados, os supostos e esperados turistas. Criaram-se mais vagas de estacionamentos sobre as calçadas, do que calçadas como um espaço público para o trânsito de pedestres. Aumenta o número de carros diariamente sobre calçadas, diminuindo o espaço das calçadas sistematicamente.
Algumas calçadas foram remodeladas buscando mostrar uma acessibilidade com conceitos errados de mobilidade. Surge assim uma boa plataforma de obras para próximos administradores, consertar calçadas maquiadas. Terminou a Copa e os turistas se foram. Com as águas das chuvas a cidade removeu suas maquiagens.
Em Ponta Negra (Natal/RN), na principal avenida. Em frente a um shopping com produtos regionais e culturais, existe uma faixa de pedestre. No alto da via no mesmo local uma placa indicando velocidade máxima 70 Km/h. Como a faixa de segurança para pedestres está localizada em uma ligeira elevação na avenida, dificulta sua visualização pelos motoristas em ascensão na pista. Enquanto pedestres com ares de turista atravessavam, os carros se esforçaram e paravam, evitando um acidente internacional. Hoje o motorista que trafega em velocidade permitida, não respeita o pedestre na faixa, talvez por evitar uma freada brusca em poucos metros, entre o veículo e o pedestre em travessia. Exemplos de uma engenhosidade de trânsito, formulada por analistas e especialistas de escritório. Acreditam ver e entender a cidade de suas janelas em computadores.
A cidade ainda sofre pelos efeitos das chuvas, provocando alagamentos e inundações. Locais onde já não havia calçada suficiente, em dias de chuva, obriga pedestres a circular pelo meio das ruas desviando de carros e poças, enquanto motoristas se acham no direito de provocar um banho de água de chuva e lama nos transeuntes. Outros motoristas bloqueiam o livre acesso entre ruas e calçadas, estacionado paralelo à guia, por vezes bloqueando rampas. Agora é preciso ser lebre para pular entre poças e carros dos jabutis com casco duro.
As reclamações sobre o transporte coletivo e a demora de espera em paradas de ônibus. Não são exclusivas de poucos ônibus circulando. Mas principalmente de investimentos no transporte motorizado e particular. As dificuldades do trânsito criam dificuldades para circulação não só de trabalhadores, mas principalmente de carros de polícia e ambulâncias. Proporcionando atrasos no socorro e policiamento.
Administradores públicos criam mobilidade veicular em causa própria, já que possuem veículos oficiais de uso individual. E precisam de ruas e avenidas livres para esboçar suas importâncias ao desfilar para o público. Abusam de uma jactância e um poder conquistado pelas urnas. As eleições estão próximas, e os candidatos já começam andar devagar como jabutis entre os eleitores, tentando conquistar seus lugares em uma árvore.
Entre Natal e Parnamirim/RN ─  03/08/2014
Publicado em 04/08/14   

Jabuti em árvores (parte 5)
11/08/14 - Jornal de HOJE - Natal/RN
Uma faculdade não vai transformar um aluno em um bom profissional, muito menos no melhor profissional do mercado. Não é a melhor nota em uma prova que define o melhor aluno. Mas com o investimento diário em assuntos diversos. É com informações múltiplas, que se constrói um conhecimento, um saber.
Alunos investem em um conhecimento extraclasse: conversando, lendo livros e folheando revistas. Pesquisando na internet e intranet. Por TVs abertas e fechadas, por teatros e cinemas. Viajando e conhecendo novos lugares, outras pessoas, vivenciando situações. E a instituição de ensino ao final do curso se apropria da formação, da criação de um profissional. Notifica ter gabaritado um profissional com os últimos conhecimentos e inovações do mercado.  
O aluno transita entre a residência e a universidade, vê as ruas e o que acontece nas calçadas. O aluno leva o conhecimento para dentro da classe. Enquanto cientistas e professores vivem trancafiados em um laboratório, ou por trás de uma mesa, e com as costas voltadas para as janelas. Ambiente ótimo para quem trabalha com nanotecnologias e nano conhecimentos. Enxergam o mundo pelas janelas de seus computadores. Acreditam que a visão virtual seja uma visão real.  
Toda imagem postada e divulgada na internet tem a motivação e inspiração de quem postou. E a interpretação fica aos olhos de quem a vê. A internet não transmite emoções, transmite imagens e textos que podem ser interpretados com a situação emocional de quem ler ou ver. Situações emocionais associadas ao volume de conhecimento.
Bourdieu olhou e observou, pesquisou e tabulou. Analisou e concluiu que após cinco anos de formado, não importa mais a instituição que emitiu um diploma. O ex-aluno se constrói e reconstrói, nas ruas e nos mercados de trabalho. Não importa ser a melhor ou a pior instituição que cursou. O profissional com certificado ou diploma será um conjunto de conhecimentos adquiridos, e não exclusivos da atribuição de uma instituição.
O conhecimento é um patrimônio próprio, do indivíduo. Um capital que outro não pode se apropriar. Cada qual leva suas armas e bagagens por onde for. Noé colocou na arca o seu conhecimento, os animais que conhecia e sabia criar. Fez na arca um download de seus arquivos. Quando as águas do dilúvio baixaram, pode continuar suas criações. Soltou uma pomba que voltou com uma informação: a relva já renascia.
A universidade é estática, uma montanha para onde Maomé se encaminha diariamente, para responder uma chamada e cumprir um calendário de provas. Ao final do curso as faculdades se posicionam estrategicamente. Intitulam-se com o dever cumprido de colocar conhecimento em uma cabeça vazia. O entendimento de
aluno ser um ser sem luz (a-lunes). Visão que ficou perdida no tempo, na escuridão da falta de conhecimento.  
O professor se coloca em um lugar estratégico da sala. Pode ver todos os alunos à sua frente. Tem a lousa a seu alcance e o controle do aparelho multimídia em suas mãos. O controle da chamada de presença e das notas. Lugar de destaque para que todos os alunos possam olhar e admirar. Controlar e avaliar a turma. Tem circulação livre pela sala entre os assentos dispostos em filas e colunas tal como um pelotão a seu comando.
O conhecimento e a informação circula pelas ruas e avenidas, fora do ambiente universitário. Está em livros e revistas, em bibliotecas e hemerotecas. Ao alcance dos dedos e nas palmas das mãos. O professor tem o dever e a missão de abrir janelas de conhecimento, sem fechar portas. Não impedir pensamentos transversais, por ideias interdisciplinares. Abolindo o discurso que determinado tema não faz parte da disciplina. Disciplina é para soldados indisciplinados.  
Santos e imagens. Uma instituição de ensino é um santo que emite uma imagem representada por um certificado ou diploma. Um pedaço de papel afirmando algo a respeito de um súdito que frequentou suas instalações. Um certificado ou um diploma produz uma área de conforto. A comodidade adorada da não necessidade de avaliação de um currículo de vida (Curriculum Vitae), ou uma bibliografia produzida.  
Existem os que se apropriam do comportamento da lebre ou do jabuti. Escolas e professores parecem ter se apropriado dos comportamentos da lebre justificado pela velocidade dos acontecimentos e da tecnologia. Apropriaram-se do comportamento, apropriando-se do tempo. Determinam o tempo dos alunos. Quanto tempo tem para estudar, quanto tempo tem para ler e pesquisar; e quanto tempo tem para responder o que foi demonstrado.
Natal /RN ─  09/08/2014
Publicado em 11/08/14

Jabuti em árvores (parte 6)
18/08/14 - Jornal de HOJE - Natal/RN
E tudo termina em pizza. O aluno impulsionado por um sistema controlador e opressor, por fim forma-se, e torna-se um professor. Um novo professor oprimido pelo mesmo sistema, que exige planilhas e relatórios; planos e projetos; relatórios e diários. Atividades em extraclasse que ocupam seu tempo fora de sala, e fora do recinto de trabalho. Alimenta o feed back ensinado em sala. Instituições particulares precisam de alunos, para torná-los professores, que lecionarão para outros novos alunos, com objetivo de torná-los outros novos professores.  
O feed back, a retroalimentação do sistema pela ocupação dos assentos escolares e alimentares. Uma universidade tem um compromisso moral com seus inquilinos, os que alugam e ocupam espaços, nas praças de alimentação. Inquilinos que promovem um atendimento com: conhecimento, lazer, e alimentação nos intervalos das aulas.
Alunos formados, diplomados e disciplinados, como professores. Tem escadas para subir e posições para ocupar: visitante, substituto, auxiliar, adjunto e titular; graduados e pós-graduados, mestres, doutores e pós-doutores. Tem como meta chegar às coordenações de disciplinas e coordenações de cursos, onde poderão almejar novos postos administrativos: as direções e coordenações departamentais e setoriais. Assim disputam cargos e agregam valores as suas posições de domínio sobre um grupo. Tudo controlado por reitores e pró-reitores; diretores e gestores organizacionais.
E como tudo acaba em pizza, a cada semestre criam-se novos cursos com as mesmas bases em discos sobre a mesma forma, e mesmo tempo de forno. Antes de ir ao forno a massa descansa para dobrar de volume. Enquanto gestores descansam nas férias pensando, em como dobrar o faturamento na próxima fornada de alunos.   
Com novas coberturas alterando e alternando os ingredientes, criam-se nomes e sabores. A aplicação de queijo cremoso, sobre a pizza agrega sabor e valor. Azeitonas pretas ou verdes conquistam parcelas diferentes de consumidores. Sobre a mesa ou balcão, os consumidores encontram à sua disposição: aromatizantes e acidulantes, e conservantes e corantes, sem custos adicionais, no estilo 0800. Disciplinas obrigatórias ou eletivas oferecem saberes com novos sabores. Seminários e minicursos dão novas cores e aromas, ao ambiente jurássico.  
A cada semestre surge uma nova pizza e um novo curso. Com massas preparadas com os mesmos ingredientes básicos: farinha, água e um pouco de fermento, para dobrar o volume. Nas mesmas instalações básicas, fornecem uma lousa e água da rua, sem análise de conformidade.  
Com algumas cadeiras a mais nas salas, dobrando volumes, e aumentando a capacidade, promovem a mais-valia, que também é ensinada. Massas preparadas pelo mesmo cozinheiro e nas mesmas cozinhas. Pizzaiolos que giram e manobram as massas no ar.  
Até que chegue o dia que o cliente tenha o direito de escolher os ingredientes e as disciplinas para construir seu curso, e confeccionar a própria pizza. Com direito a mexer na base, para ser mais, ou menos consistente. Mais fina ou mais grossa; alterando as bordas recheadas ou não. O controle do tempo de forno ou duração do curso. Para obter um produto final com mais. ou menos recheio ou cobertura. Mais ou menos, crocância e consistência. Al dente e ao ponto, no gosto do freguês.
O produto final depende de saberes e sabores agregados durante um preparo, ou degustação. Desde a qualidade dos ingredientes básicos ao serviço sobre a mesa dos alunos ou professores. Desde os conhecimentos básicos adquiridos ao que é oferecido sobre as mesas dos alunos e dos professores.  
Detalhes que podem influenciar tempos de validade para consumo da pizza, ou a criação da necessidade de voltar aos bancos escolares. A qualidade dos cursos e dos serviços oferecidos podem provocar boas gestões e boas digestões; más gestões e indigestões.
Entre Natal e Parnamirim/RN ─  17/08/2014
Publicado em 18/08/14

Jabuti em árvores
PDF 762
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RN, 13/10/2016

por
Roberto Cardoso Blog do Maracajá #BLOGdoMaracajá


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Roberto Cardoso (Maracajá) in Jornal de Hoje: Lições de Mãe Luiza

Roberto Cardoso (Maracajá) in Jornal de Hoje: Lições de Mãe Luiza: Lições de Mãe Luiza O que não tem remédio remediado está PDF 761 O que não tem remédio, remediado está (1) A comunidade de M...

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Convocação à baderna

CE carreata.pngimagem original: print screen


Convocação à baderna
PDF 753

No estilo mais pobre do processo civilizatório, o prefeito eleito convoca o povo para comemorar a sua vitória. Parece querer dividir com o povo, a bagunça nas ruas, mas precisa  de argumentos e escudos. Convoca seu eleitorado para uma carreata, indo contra o processo de desenvolvimento da cidadania, o respeito ao próximo. Convoca para um ato discriminatório, devem comparecer ao evento, apenas os que possuem carros. Teoricamente e tecnicamente, os caronas deverão estar dispostos a balançar bandeiras e a fazer barulho, enquanto motoristas conduzem o automóvel.


Durante o período de campanha, já havia desfilado de destaque em um carro alegórico, promovendo congestionamentos e barulho em frente às casas por onde passava. Distribuiu pelas ruas: acenos e sorrisos; mais decibéis e  mais monóxido de carbono. Não adianta apertar o nariz, vendar os olhos ou abafar os ouvidos, a caravana passava, deixando rastros de dejetos invisíveis, que serão descobertos ao longo do tempo, nos postos de saúde. A gota que faltava, para transbordar o pote ou entornar o caldo...


Todo ato traz consigo uma simbologia e um comportamento oculto. Nos desfiles militares pelas ruas, o poderio da tropa. No transporte da tocha olímpica, o poderio e o poder do fogo. No racha (pegas) de carros nas ruas, o esporte proibido e a exibição do poder econômico. Nos engarrafamentos urbanos, a dicotomia; o sacrifício de quem viaja de ônibus e o conforto de quem possui um carro, com vidro fechado, ar condicionado e rádio ligado. Nas atividades circenses, tendo palhaços e animais amestrados, o circo chegou na cidade. A passeata, o comportamento do amostrado, a reunião de todas as coisas, o pitaco de um e de outro.


E agora o prefeito eleito, como em um primeiro ato de sua nova administração, convoca o povo para uma manifestação nas ruas. As mesmas ruas proibidas aos protestos e reivindicações, dos que desfilam a pé com bandeiras em punho exigindo deveres e direitos. Exigindo posições alvissareiras, de políticos e administradores, de caráter coletivo, beneficiando a população como um todo.


Na tal cidade sem planejamento urbano, sem mobilidade urbana e sem acessibilidade, a convocação para carros nas ruas. Uma convocação pelas redes sociais, logo após a abertura das urnas. E novamente o candidato prefeito, volta às ruas desfilando em um carro alegórico, todo iluminado. Distribuindo beijos, gesticulando pelas ruas com acenos e sorrisos; e mais decibéis, e  mais monóxido de carbono. Um ato que deve ser planejado antecipadamente, em benefício da saúde e da segurança pública, assim regem as regras de qualquer prefeitura.


O direito e o dever de cidadania, não se limita a escolha de políticos à uma próxima administração, mas estende-se ao respeito do espaço do outro. Ao exercer o direito de cidadania, não se amplia a todos os direitos, de entupir as ruas de de carros. Como também não estacionar carros em locais não permitidos, e carros no trajeto foram obrigados a fazer isto, tendo que sair da frente. Promover carreatas e buzinaços pelas ruas, que deveriam ser tranquilas. O prefeito é formado em direito, um causídico em benefício próprio. Não entende a linguagem da cidade, que está escrita nas ruas, em postes e asfaltos, colunas e calçamentos. Ainda sem imagens ou símbolos estampados existe uma linguagem em ruas e calçadas, definidas pelo desenho universal. Cabe a um prefeito e suas secretarias, respeitar e fazer respeitar.


O prefeito já tem história, de não promover acessibilidade nos eventos públicos. E de permitir alvará a espaços públicos sem acessibilidade e sem segurança, em situações de emergência. Começa agora seu novo mandato levando instabilidade para as ruas. As mesmas ruas que podem possuir calçadas, onde ele não coloca os pés no chão. Mas desfila em carro aberto; ou em carro fechado, blindado com ar condicionado. Tudo depende do tipo de evento, de não enxergar a cidade e de ser enxergado pela população.


03/10/2016

http://www.publikador.com/resenhas/roberto-cardoso/convocacao-a-baderna