Uma iguana em Capim Macio
Foi-se o tempo que podia-se encontrar um capim macio por aquelas bandas da cidade, assim imaginamos a origem do nome do bairro de Natal. E o homem chegou, desmatou, fez um loteamento e urbanizou o local, no caminho da praia de Ponta Negra. Mas os animais não têm uma mobilidade urbana para mudar de bairro, procurar novas matas, ainda não derrubadas e devastadas. Vão se acomodando com um pouco que resta, e vão deixando crias no espaço limitado, tentando preservar a espécie. Principalmente os menos selvagens, menos arredios. Ficam cercados por muros e asfaltos oriundos da urbanização de um local que antes era baldio.
E uma iguana foi encontrada por um escritor e poeta. A iguana estendida sobre o asfalto, fora atropelada. Por quem, ninguém sabe. Um ato por descuido, falta de atenção em olhar a pista, ou até intencional, como muitos já vistos, como atos de prazer.
Em um bairro com ruas internas, tipicamente residenciais, os desembestados acham que estão em uma pista de corridas. Não respeitam lombadas, cruzamentos, rotatórias e limites de velocidade. Seria um caso de polícia. Uma polícia florestal em defesa de últimos exemplares da fauna, que sobrevivem em busca de uma flora.
O poeta fez uma foto da iguana atropelada, era uma velha conhecida que frequentava o seu quintal. Sempre era vista, atravessava por vezes as ruas em busca de seus parceiros, semelhantes e da mesma espécie..
Uma iguana em Capim Macio, faz lembrar uma lenda. Da serpente que partiu da lagoa de Extremoz para morrer ali, justamente ali, em Capim Macio. E ao final de um ano, foi o fim de uma iguana.
Crédito da imagem: Roberto Lima de Souza
RN, 31/12/2016
Roberto Cardoso
Texto em: http://pelasruasdenatal.blogspot.com.br/2016/12/uma-iguana-em-capim-macio.html
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